quarta-feira, 30 de março de 2022

CAPÍTULO 5 - A PRIMEIRA VEZ - PARTE 2

 

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Capítulo 5 - a primeira vez - Parte 2


– O que você tem?

– Caí da castanheira.

– Machucou?

– Acho que não, mas tá doendo.

– Onde?

– Dói a cabeça.

– Você caiu de cabeça?

– Não, claro que não, mas tá doendo a cabeça.

– Levanta um pouco e anda.

– O que você tá fazendo aqui?

– O mesmo que você.

– Mas você é uma menina!

– E daí, não pode?

– Pode, mas eu nunca vi uma menina fazer essas coisas. Nunca vi uma menina aqui no sítio do seu Tobias.

– Eu já vim aqui um monte de vezes.

– Você não tem medo?

– Medo de quê?

– Do seu Tobias pegar você.

– Ele morde, por acaso?

– Não, mas detesta ver a gente no sítio dele e tem uma espingarda de sal...

– Não acredito, isso é invenção para por medo na gente.

– Qual o seu nome?

– Liane.

– Nossa, nunca ouvi esse nome!

– Era pra ser Eliane, mas o homem errou no cartório. E o seu, qual é?

– Rodrigo.

– Bonito nome. Nossa, seus olhos são tão verdes!

– Ih, tava demorando!

– O quê?

– Deixa pra lá. Vocês estavam brincando de quê?

– Esconde-esconde.

– Ah, mas isso é brincadeira de menina.

– Você tem alguma coisa contra meninas?

– Não, pelo contrário...

– Então vamos brincar!

 

As outras meninas voltam, acompanhadas pelos meninos da vila vizinha e aí eu me junto ao grupo deles. Com a quantidade de crianças das duas vilas já é possível brincar de combate. Formamos dois exércitos, o americano e o alemão. Caí no alemão e Liane no americano. Somos inimigos. Cada exército escolhe sua base em pontos distantes do sítio. Depois, os exércitos formam seus batalhões e se espalham, cada qual seguindo uma trilha. Quando batalhões inimigos se encontram, começa a batalha com direito a tiros de fuzil e metralhadoras, lançamento de granadas e até luta corporal. Os soldados podem ser mortos ou capturados. Prisioneiros podem ser trocados por recompensas.

 

Preparo meu fuzil de madeira e parto com meu batalhão de mais três soldados em uma missão de reconhecimento. Atravessamos o pântano em meio às taboas e aproveitamos para aumentar nossa munição de mamonas. Nosso objetivo é chegar na castanheira e montar uma base militar. O desafio é atravessar o campo aberto e ficar sujeito ao fogo inimigo. Escuto tiros no flanco esquerdo e oriento meus soldados a se dividirem e nos deslocamos rastejando na mata até chegarmos em campo aberto e, dali, corrermos em direção à castanheira. Os tiros cessam e continuamos rastejando até o abacateiro. Ali nos reagrupamos e dou ordem aos soldados para começarem a travessia até a castanheira. 


Meu primeiro soldado é abatido no início da corrida, os outros dois caem prisioneiros. Fico sozinho no abacateiro e começo uma operação de recuo na tentativa de encontrar outro batalhão amigo. Encoberto pela mata, me desloco cautelosamente, o dedo firme no gatilho. Escuto um movimento logo à frente e torço para que também sejam alemães. Aguardo o melhor momento para decidir se me junto a eles ou começo os disparos. Ergo a cabeça acima da moita onde me escondo para divisar o deslocamento de tropas inimigas. Quando menos espero, sinto a pressão do cano do fuzil nas minhas costas.

 

– Quietinho e mãos na cabeça.

 

Caio prisioneiro de um lobo solitário. Melhor dizendo, uma loba. Liane parece radiante em ter-me feito prisioneiro. Pede para eu me agachar e eu acabo deitando na grama. Ela se ajoelha ao meu lado com a arma apontada para minha cabeça. Seus cabelos estão presos por uma Maria Chiquinha. Seu uniforme é uma camiseta, um short apertado e um Conga branco. Deitado e dominado, fixo o olhar no meu inimigo. A camiseta suada no peito deixa transparecer os mamilos juvenis em plena florescência. Aquilo mexe com o prisioneiro de uma forma nada militar. Carregado de hormônios, acuso o golpe. Nossos olhos se cruzam. Ela se aproxima mais, andando de joelhos. Deitado, olho de baixo para cima percorrendo com o olhar fascinado suas coxas bronzeadas do sol da infância.


Meus hormônios se agitam ainda mais. Começo a sentir aquela coisa ainda pouca conhecida na minha idade. Ela agora está muito perto de mim, seus joelhos tocando minha perna. É uma menina, mas dela chega o cheiro de mulher. Um cheiro que eu ainda não conheço, mas completamente distinto do cheiro das minhas três irmãs. A dor de cabeça passou, o efeito do Sangue de Boi também. Todos os sentidos do meu corpo estão ligados. Ela abaixa a cabeça na minha direção, os olhos bem dilatados.


– Agora você é meu prisioneiro. Peguei um lindo alemão de olhos verdes...

 

Ouço um grito, seguido de uma correria. “Seu Tobias! Corre, corre, rápido!” Os dois exércitos batem em retirada. Liane olha por cima da moita e, de repente, se joga sobre mim.


– É o seu Tobias, tá passando aqui do lado, fica quieto!

– Está com a espingarda?

– Tá. Vamos ficar abaixados que ele não vê a gente.

 

Deita-se inteiramente sobre mim, o rosto encostado no meu. Sinto seu hálito, minha boca toca seu rosto e meu pinto fica tão duro que parece que vai sair para fora do calção. Ele está no meio das pernas dela, não é possível que ela não sinta. Ah, meu Deus, está ficando cada vez mais quente aqui e eu estou ouvindo passos.


– Cadê vocês, seus moleques? – seu Tobias aparece segurando sua famosa espingarda de sal – Se tiver algum por aqui é melhor sair correndo porque se eu te pegar você vai se arrepender! Cadê vocês, seus moleques da porra?

– Não se mexe, – Liane sussurra no meu ouvido – fica quieto que ele vai embora.

 

Ela fala com o rosto tão colado no meu, seus peitos tocando meu pescoço e eu sentindo meu pinto molhado e cada vez mais duro. Nunca passei por isso, acho que não vou aguentar. Quando eu era mais pequeno, descobri que esfregar meu pinto era gostoso. Quando eu descobri isso, não parava mais de fazer escondido no quintal ou dentro de casa, debaixo do lençol. Esfregava, esfregava até dar aquela sensação gostosa e ele ficar mole de novo. Uma vez eu estava fazendo isso debaixo do lençol, aí, quando deu aquela sensação gostosa, eu me molhei todo. Foi a primeira vez que eu joguei porra para fora e eu não sabia o que era aquilo, fiquei com medo da minha mãe me bater porque eu molhei a cama. Demorei a dormir. Quando acordei, parecia mágica, estava tudo seco! Era tudo novidade para mim! 


Agora, essa novidade é maior e mais perigosa. Estou grudado numa mulher, morrendo de vontade de fazer uma coisa que eu ainda nem sei direito o que é. Ela deve ter percebido, não é possível. A porra desse seu Tobias rondando a gente. Por que esse velho não vai embora logo? Sem perceber, falo alto e ela tapa a minha boca com a dela para eu não fazer barulho. Minha respiração quase para, nunca beijei uma mulher, nem sabia o gosto que tem. Todo menino mente quando diz que já comeu uma mulher. Eu sei disso porque eu minto também. Seu Tobias parece estar indo embora e ela ainda não tirou os lábios dos meus. Agora estou sentindo a língua dela. Ah, meu Deus, como é bom! Ela olha nos meus olhos e percebe que eu estou gostando. Aí ela começa a lamber meu rosto, meu pescoço, passa os dentes na minha carne, parece que vai me morder. Está tirando a camiseta. Eu sinto os peitos dela em cima de mim.  Ela começa a puxar meu calção, está pegando no meu pinto. Aí, eu não aguento mais, abro os botões do short dela, puxo o short. Ela lambe meu peito, segurando meu pinto. Levanta um pouco o corpo e eu tiro a calcinha dela. Ela pega minha mão e põe na coisa dela, fica esfregando minha mão na coisa dela. Parece que está tudo molhado, que nem meu pinto. Aí ela pega meu pinto e põe na coisa dela. Eu estou ficando louco, nunca fiz isso! Ela é uma menina, mas não tem como voltar atrás. Seu Tobias já foi embora e nós estamos deitados na grama. Aí eu sinto o calor da coisa dela na cabeça do meu pinto e aí é como se eu já tivesse feito aquilo, é como se meu pinto já tivesse feito aquilo e eu não precisasse dizer para ele como fazer. Ele quer entrar, mas não está fácil e isso me deixa mais cheio de vontade ainda e aí ela solta um gritinho e eu não paro, mesmo achando que deveria parar. Aí ela me agarra mais, me vira para o lado e sobe em cima de mim e eu sinto meu pinto entrando e ela gemendo baixinho e eu gostando cada vez mais, cada vez, cada vez mais. Depois, sinto como se fosse o disparo de um canhão e uma coisa gostosa se espalhando pelo meu corpo inteiro. Ela me agarra mais e mais, gemendo, gemendo... de repente tudo para e nós estamos tão agarrados que devemos parecer um só. Meu pinto se recolhendo como um soldado voltando da guerra.


– O que foi isso?

– É o amor...

– Nossa, você tá bem? – pergunto, assustado, ao ver meu pinto cheio de porra e de sangue – Eu machuquei você?

– Não, é que foi a primeira vez.

– Você era virgem? Eu tirei sua virgindade, não podia ter feito isso!

– E você não era? Eu acho que era sim, então eu também tirei a sua. Tá tudo certo.

– Mas nós somos de menor...

– Não tem perigo, eu não estou no dia.

– Que dia? De que que você tá falando? Eu não estou entendendo nada...

– O dia fértil, seu bobo. Vai dizer que você não sabe!

– Não, não sei. Eu não sei nada disso, como é que você sabe?

– Minha mãe me contou tudo. Ela não tem problema de falar essas coisas comigo.

– Quantos anos você tem?

– Dezesseis.

– Fala a verdade vai. Você não parece mais velha que eu.

– Quatorze, qual a diferença?

– Você é uma criança!

– Que nem você. Vai dizer que não gostou?

– Nossa, claro! Mas se o meu pai souber disso, ele me mata!

– Pelo menos você morre feliz.

 

Ela ria, mas eu estava assustadíssimo, achando que tinha feito uma maldade. Ela me acalmou e me garantiu outra vez que não ia acontecer nada, que ela não estava naquele tal de dia fértil. Ela sabia disso porque a mãe dela ensinou ela a contar os dias. Eu não sabia nada daquilo, ninguém falava comigo sobre isso na minha casa. Nem meu pai, que falava tudo para mim.


Aí ela falou que no dia anterior o namorado dela quase fez o mesmo com ela porque ela provocou e na hora “h” ficou com medo e foi embora para casa. Por isso que ela sabia que não ia acontecer nada. Ela sabia porque tinha preparado tudo para perder a virgindade com o namorado, mas achou que ele foi muito bruto com ela. Muito diferente de mim, ela disse, porque foi ela que me comeu. Eu fiquei vermelho quando ela falou isso e aí ela riu e eu pensei: como mulher sabe das coisas mais do que nós! 


Foi gostoso ficar conversando com ela. O problema é que nós nem percebemos que o dia já estava acabando, o sol indo embora, a noite chegando e nós dois no meio do mato e com a espingarda do seu Tobias por perto.  Saímos da forma que entramos, pulando a cerca de arame farpado e correndo o risco de se machucar. Queria levar ela para a casa dela, mas ela não deixou. Quando cheguei em casa já era muito tarde, quase sete horas da noite. Minha mãe, preocupada, por pouco não me bateu. Prometeu que não ia contar para o meu pai que, para minha sorte, tinha ido na venda comprar outro garrafão de Sangue de Boi e ainda não tinha voltado. Ela prometeu não contar para ele se eu prometesse não fazer isso de novo.

    

Nunca mais vi Liane. Procurei por ela todos os dias daquela semana. Fiquei sabendo que ela tinha se mudado pra São Bernardo. Fiquei muito triste mesmo. Queria ter conversado com ela no outro dia, meu primeiro dia depois de ter me tornado homem. Queria ter certeza que não tinha feito nada de errado. Depois, compreendi que de todas as coisas erradas que tinha feito naquele dia, como roubar o Sangue de Boi do meu pai e invadir o sítio do seu Tobias, ter feito amor com Liane tinha sido a coisa mais acertada da minha vida até aquele dia.

 

Fiquei muitos anos sem pensar nela e hoje senti falta dela. Queria saber o que aconteceu com ela, se a vida dela foi ou está sendo melhor que a minha. Mas isso é o tipo da coisa que eu nunca vou saber. A única coisa que sei é que que Liane foi a melhor invasão do sítio do seu Tobias que eu fiz na minha vida.

Continua na próxima quarta-feira

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